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“Homens de preto” no 2º turno
José Renato


“Homens de Preto”, ou “Men In Black (MIB)”, é o nome de uma comédia de sucesso do cinema sobre agentes especiais que protegiam a humanidade contra a ameaça extraterrestre. Em Campos, terra de fatos inusitados na política, uma MIB bem particular já passou pela cidade: a Polícia Federal (PF), no segundo turno das eleições municipais, no dia 26 de outubro, deteve sete “homens de preto”, vestidos de ternos escuros, suspeitos de fazerem vigilância clandestina com finalidade de evitar compra de votos. O fato, narrado sem maiores detalhes pela PF no dia da disputa final entre Rosinha Garotinho (PMDB) e Arnaldo Vianna (PDT), virou processo no juízo da 99a Zona Eleitoral, de número 029/2008, em que constam os termos de declarações dos principais envolvidos.

Os “MIB” que atuaram no segundo turno em Campos na realidade mostraram ser os reais “alienígenas”: eram todos de Bom Jesus do Itabapoana. Segundo levantamento inicial da PF os agentes teriam sido contatados por um policial civil, Alexandre Alcântara, de Bom Jesus, para fiscalizar e evitar compra de votos pelo PDT. O policial controla a “Guardian Protection”, empresa de segurança fechada pela própria PF em abri deste ano, por não estar autorizada para operar. As pessoas ganhariam de R$ 30 a R$ 35, trabalhando em locais de votação, como os Cieps do Parque Aurora e da Penha. O policial federal Renato Zacché encaminhou ao delegado Ronaldo Menezes, titular da PF em Campos, os termos de declarações, referente às pessoas que estariam fiscalizando o processo eleitoral na cidade, e que “trajavam ternos pretos, e segundo suas declarações, teriam sido contratadas por Alexandre Alcântara”.

Um dos “homens de preto” ouvidos pela PF, residente em Bom Jesus, alegou que foi contratado pelo policial Alexandre para vigiar “supostas compras de votos por correligionários do candidato Arnaldo Vianna”, embora nada tivesse presenciado nesse sentido — como todos os outros envolvidos confirmaram. Uma mesária que trabalhou no Ciep do Parque Aurora, disse à PF que abordou dois homens que afirmaram serem “fiscais da coligação Muda-Campos”, de Rosinha. O advogado Fabrício Viana Ribeiro, do escritório que atuou para Rosinha, disse que não há ligação dos citados no caso com a estrutura do PMDB. “Fizemos a defesa deles porque estávamos na sede da PF, e eles nos solicitaram acompanhamento, um serviço profissional”, citou.

Publicada no dia 16-11-2008
folha da manhã

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