02/01/2013 15h17 - Atualizado em 02/01/2013
15h17
Prédio investe em sistema de geração a partir de luz do sol e de ventos.
Universidade de Brasília e companhia energética completam a parceria.
Uma parceira entre a embaixada italiana, a
Universidade de Brasília (UnB) e a Companhia Energética de Brasília (CEB), fez
do prédio da embaixada na capital federal uma referência em todo o país nos
estudos e na produção de energia renovável. O projeto, com o custeio de
empresas italianas, promove investimentos na geração de energia a partir da luz
do sol e dos ventos para provar que é possível uma casa de uma família comum
gerar boa parte da energia que consome de maneira sustentável.
De acordo com o professor Rafael Shayani,
do departamento de Engenharia Elétrica da UnB, na atual fase do projeto, a
embaixada já consegue reduzir 20% no consumo de energia. A economia,
explica o professor, é resultado de placas fotovoltaicas instaladas no telhado
do prédio e que geram energia elétrica a partir da luz do sol. “As placas
fotovoltaicas, diferente dos coletores solares, são capazes de produzir a
energia elétrica e suprir a demanda do prédio. Os coletores solares, que
geralmente se encontram em alguns telhados de casas brasileiras, servem apenas
para esquentar a água”, detalha Rafael Shayani.
O professor também explica que o tamanho
da economia com energia elétrica depende da quantidade das placas fotovoltaicas
instaladas no telhado.
Para fazer uma comparação, no telhado da
embaixada da Itália – que é um prédio grande com consumo alto – há 400 placas
instaladas, que juntas têm potência de geração de 50 kilowatts.
Uma casa típica estaria bem abastecida com
potência de 2 kilowatts, calcula o professor, a um custo de R$ 20 mil reais.
Esse investimento, ainda de acordo com Rafael Shayani, daria uma economia de R$
150 por mês na conta de energia.
Já há uma empresa brasileira que vende
essas placas. Na internet, é possível encontrar fornecedores estrangeiros. A
pessoa que estiver interessada em instalar as placas fotovoltaicas não precisa
comprar um sistema que dê conta de toda a demanda da casa. Pode ser apenas uma
quantia para ajudar a complementar o fornecimento de energia. Para fazer a
instalação, é necessário ligar na concessionária de energia do estado e
solicitar o serviço de “compensação de energia com micro-geração”, que é o termo
técnico usado.
A concessionária então fará a instalação
do sistema interligado à rede de energia e também de um novo medidor de
energia. O novo medidor permite que, quando a energia da casa gerada pelas
placas não estiver sendo usada, ela retorne para a rede. Desse modo, é como se
o consumidor estivesse “devolvendo” energia para a concessionária, o que gera
economia na conta.
“O projeto está provando que é possível
uma casa produzir, de forma sustentável, boa parte da energia que consome. O
principal é que, por trás dessa iniciativa, há toda uma propaganda ambiental,
que vale muito. O sistema não produz nenhum gás do efeito estufa. Não gera
custo de saúde pública”, diz o professor.
Desde abril de 2012, a Aneel regulamentou
o uso das placas fotovoltaicas como complemento à energia fornecida pelas
concessionárias. Para o professor Rafael Shayani a regulamentação é um avanço
para que a iniciativa se espalhe pelo país. “Temos muito potencial de sol aqui
no Brasil, a tendência é que essa tecnologia se espalhe, principalmente pelas
cidades ensolaradas, como Belo Horizonte e Brasília”, afirma. Apesar disso, ele
ressalta que o sistema ainda é muito novo e que deve levar tempo para
consumidores e concessionárias se adaptarem.
Plantas usadas no tratamento de fitodepuração da água do esgoto produzido pela embaixada (Foto: Embaixada da Itália)
Uma próxima fase do projeto na embaixada
contará com a instalação de 5 micro-turbinas eólicas no telhado da embaixada,
para aproveitar a força do vento na geração de energia. Ainda dentro da busca
pela sustentabilidade, a embaixada conta também com um sistema de tratamento do
esgoto por meio de plantas que consomem as impurezas da água. Livre das
substâncias tóxicas, a água pode ser reutilizada, desde que não seja para beber.