Água já é negociada como commodity na bolsa de Wall Street

 Para críticos, lógica de mercado pode inflacionar preços no mundo e restringir acesso ao recurso essencial

A água, pela primeira vez na história, passou a ser negociada como commodity no mercado futuro em bolsa de valores. A Nasdaq lançou, na semana passada, em Wall Street, Estados Unidos, o Nasdaq Velez Califórnia Water Index (Índice da Água).

Assim, o recurso já é negociado e seu preço irá flutuar como o petróleo, a soja, o ouro ou o trigo, informou o CME Group. O preço da água na Califórnia, que é usado como referência, dobrou no ano passado devido sua escassez, de acordo com a Nasdaq.

Especialistas garantem que sua chegada ao mercado de commodities permitirá uma melhor gestão do risco futuro associado a este ativo. Por outro lado, analistas alertam que, diferente de outros itens, a água é um direito humano, essencial para a vida, e não apenas uma mercadoria.

Ainda assim, o CME Group vai lançar contratos relativos à água spot na Califórnia, um mercado de US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões). Com o ticker NQH2O, o preço da água no mercado futuro foi negociado a cerca de US$ 486,53 (ou R$ 2479,21) por “pé acre”, cerca de 1.233 metros cúbicos.

O índice é baseado nos preços das principais bacias hidrográficas da Califórnia, onde a escassez de água aumentou. Este valor poderia passar a ser usado como referência para o resto do mundo nos mercados de água.

Segundo os críticos, esse é o problema já que poderia ser usado como argumento para políticos e empresas para justificar aumento de preços em todo o planeta e restrição do recurso às pessoas, relativizando a fato de ser um direito humano.

Agricultores, fundos ou municípios poderiam se proteger ou especular contra as mudanças no preço da água. Segundo o CME Group, os novos contratos vão permitir gestão do risco associado à escassez de água e fazer uma melhor correlação entre a oferta e a procura nos mercados.

Esses contratos futuros não exigem entrega física de água e são puramente financeiros. Eles são baseados no preço semanal médio nas cinco principais bacias hidrográficas da Califórnia até 2022.

A iniciativa foi anunciada em setembro, quando a costa oeste do país foi devastada pelo calor e incêndios florestais. Na ocasião, executivos disseram que o objetivo é “servir como proteção para os maiores consumidores de água da Califórnia contra o aumento dos preços e como um indicador de escassez para investidores em todo o mundo”.

O Brasil, por outro lado, é o maior detentor de água doce de superfície do mundo, com cerca de 12% do total. China e Estados Unidos são os principais consumidores mundiais de água.

De acordo com as Nações Unidas, 2 bilhões de pessoas vivem em países com sérios problemas de acesso à água.  A agência estima que nos próximos anos dois terços do planeta podem sofrer escassez de água e milhões de pessoas serão deslocadas por isso.

A insuficiência do líquido vital está relacionada à exploração excessiva desses recursos pelo setor primário, indústria e consumo humano, bem como às mudanças climáticas.


Fonte: agevolution...

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